terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

iPad: o lado bom e o lado ruim


Anos de rumores e características mirabolantes fizeram você acreditar em uma iTablet no melhor estilo Jetsons. Mas a frustração bateu forte quando Steve Jobs, ontem, durante sua keynote, apresentou o iPad, uma tablet semelhante a um iPhone e voltada para o entretenimento.

Desde o final da keynote, só se lê e ouve por aí as palavras “fracasso” e “desapontamento”. Mas será que o recém-lançado iPad tão ruim a ponto de receber esses duros comentários em tão pouco tempo?

O lado bom

Preço justo

Todos esperavam uma tablet com o preço em torno de US$1000 e, durante a keynote, Steve Jobs chegou a brincar com os rumores sobre o preço. Mas o custo anunciado surpreendeu positivamente a platéia do Yerba Buena Center: US$499 pelo modelo Wi-Fi de 16GB.

Enquanto 16GB são suficientes para armazenar uma tonelada de e-books, esta capacidade é inútil para quem deseja guardar músicas, vídeos e diversos aplicativos. O modelo de 64GB, no entanto, não chega a ser uma verdadeira facada e sai por justos US$699. Sendo assim, pelo menos para os modelos Wi-Fi, o preço é aceitável.

Tudo bem, o iPad provavelmente chegará ao Brasil custando o triplo do valor, mas vale lembrar que isso acontece não só com os produtos da Apple, mas com a grande maioria dos eletrônicos que entram legalmente nas terras tupiniquins, infelizmente.

Leitor de e-book

Deixemos para falar da tela brilhante de LCD que cansa os olhos durante uma leitura prolongada para depois. Por enquanto, no lado bom do iPad, a característica de ebook ainda têm suas vantagens O sistema de armazenamento de livros e a nova E-book Store prometem facilitar a vida do usuário em termos de leitura.

Você quer ler o jornal enquanto vai para o trabalho de ônibus ou deseja ler histórias em quadrinho enquanto aguarda na sala de espera do médico? Vá em frente, o sistema de e-book do iPad é mais do que suficiente e a parceria com grandes editoras promete uma ampla variedade de títulos.

Aplicativos do iPhone

O iPhone já está nas ruas faz tempo e muitos usuários já estão familiarizados com seus aplicativos. Pois bem, o iPad consegue rodar a grande maioria dos 140 mil aplicativos disponíveis para a plataforma. Você já tem e conhece o programa? Coloque-o para rodar na tablet. Fácil assim!

O mais ou menos

iWork

A suite de aplicativos Office foi bem adaptada ao iPad. No entanto, quem realmente vai utilizar uma planilha no Numbers ou elaborar uma apresentação no Keynote com uma tablet?

É fato: o iPad é voltado para o entretenimento e o iWork, como o próprio nome sugere, não faz parte disso. Claro, você não é obrigado a comprar os aplicativos - que custam US$9.99 cada - mas oferecer o iWork no iPad simplesmente não faz sentido.

Bordas

O que é aquela gigantesca moldura na tela? Há quem diga que é para poder segurar o gadget sem cobrir nenhum conteúdo, mas mesmo que seja esta a ideia, não faz sentido. Se elas fossem um poquinho menores, o visual seria melhor e você poderia continuar segurando a tablet sem atrapalhar a visualização. Mas bonito ou feio isso é uma questão de gosto pessoal.

O nome

Os boatos falavam sobre iSlate, Magic Slate, iCanvas e até iTablet. Entre tantas opções, escolheram iPad. Talvez devido à semelhança com o iPod ou por uma simples disponibilidade de registro, iPad ficou.

Flash

A história se repete e o iPad não roda conteúdo em flash. Uma pequena imagem atentando para a falta de plugin foi mostrada “sem querer” enquanto Jobs navegava pelo website do New York Times na tarde de ontem.

Mas isso não precisa ser algo realmente ruim. Afinal, sempre que você quiser assistir a um vídeo do YouTube, o iPad, assim como iPhone, utiliza o app do YouTube. A solução não é perfeita, mas já é suficiente.

Não é só a Apple que está deixando o flash de lado. Recentemente, o próprio YouTube lançou um player beta para rodar vídeos com a tecnologia HTML5, que já funciona em navegadores como o Chrome e o Apple Safari.

Com o novo modelo de HTML, o navegador é capaz de rodar vídeos em flash, trailers do QuickTime e Windows Media com qualidade e rapidez. Sendo assim, a ausência do suporte para flash no iPad está longe de ser o fim do mundo.

O lado ruim

Multitarefas

Esta é a mais nova pedra no sapato dos usuários Apple. Apesar de poderoso e interessante, o iPad não consegue rodar mais de um aplicativo ao mesmo tempo. Tem muita gente reclamando por aí: “não vou poder ouvir música e navegar na web ao mesmo tempo”. Mas isso não é verdade.

Apesar de não ser multitarefas, o iPad, assim como o iPod, permite executar uma faixa de música armazenada na tablet ao mesmo tempo em que você utiliza outro aplicativo. Agora, se o que você realmente quer é ouvir uma rádio virtual enquanto conversa com seus amigos, aí a conversa é outra.

A ausência de multitarefas é um ponto realmente incômodo, mas com sorte isso será resolvido. Afinal, este suporte poderá ser atualizado via software, sem que você precise comprar um novo iPad.

E-ink

A grande diferença de leitores de e-book como o Amazon Kindle em relação ao iPad está na tela. Com a tecnologia E-ink, utilizada no reader da Amazon, é possível reduzir o brilho e fazer com que o livro digital pareça tão suave quanto um livro de verdade. Neste aspecto, os gadgets exclusivos para a leitura de e-books saem na frente do iPad.

Câmera

Fazer uma videoconferência do iPad seria legal, não? Falar com seus colegas e familiares que estão a quilômetros de distância usando apenas aquela telinha de 9.7” seria de arrasar. Mas o iPad não tem câmera. E sabe o motivo? Pura e simples bobeira da Apple.

É praticamente certo que, se o produto vender bem, a câmera virá na próxima atualização do produto. Infelizmente, quem quer um iPad com câmera terá de esperar mais uns 10 meses pela segunda versão da tablet.

E então?

Não faz nem 24 horas que o iPad foi lançado e as críticas são duras feito pedra. É cedo para afirmar que o público não entendeu que o iPad não quer substituir seu netbook, seu iPhone ou o seu computador. É cedo também para dizer que não haverá filas na frente das lojas, como aconteceu com o iPhone. No dia do lançamento do smartphone, milhares de pessoas passaram a noite na rua, para garantir o seu.

Nada é perfeito. Nem mesmo a Apple, que é expert na criação de produtos inovadores e que vão de encontro às necessidades dos usuários, consegue agradar a todo mundo. O iPad vem sem câmera, sem suporte para multitarefas e com um nome tenebroso, mas nem por isso ele deixa de ser interessante, charmoso e com um potencial enorme.

É hora de esquecer todos os rumores que circularam na web nos últimos três anos e olhar para o iPad com a cabeça fresca. Esta tablet não é totalmente boa ou ruim e vai conquistar muitos usuários, mesmo tendo deixado tantos outros desapontados.

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